Reinaldo AzevedoEstão querendo submeter a Internet a uma censura estúpida. Quer dizer que sites e blogs poderiam publicar anúncios de candidatos — e, nesse caso, não se equiparariam a TV e rádio —, mas não poderiam expressar opiniões a respeito dos mesmos, obedecendo, então, às restrições impostas à radiodifusão? Por quê? Internet, agora, é concessão pública? Censura à internet é coisa comum em Cuba, na China, na Coréia do Norte, não em país livre.
Não se tem uma Internet com essas restrições — ATENÇÃO!!! — em nenhuma democracia do mundo! É um cretinismo. É como querer represar o mar.É evidente que, nesse caso, os males da liberdade se combatem como mais liberdade. Se os blogs A ou B tiverem opinião favorável ao candidato “X”, os blogs B e C defenderão o candidato “Y”. E assim por diante. O peso maior ou menor de uma opinião dependerá da credibilidade de quem escreve.
OS PARLAMENTARES NÃO ESTÃO SE DANDO CONTA DE QUE ESTÃO PRIVILEGIANDO, NA VERDADE, OS CRIMINOSOS. E É FÁCIL EXPLICAR POR QUÊ.Os sites e blogs sérios, com nomes reconhecidos e hospedagem no Brasil, estariam submetidos a essas restrições. Já os vigaristas, os bandidos anônimos, estes poderão ter suas páginas hospedadas no exterior e pôr para circular seus ataques sem autoria. Jamais seriam alcançados pela lei. Ainda que a Justiça acabasse determinando que a página fosse retirada do ar, poder-se-ia fazer outra em minutos.
A proposta parece-me flagrantemente inconstitucional. Se aprovada, vai parar no Supremo, e não é possível que o Tribunal concorde com uma estupidez dessa magnitude. Nem por isso a coisa deixa de ser melancólica. Fico cá pensando na mentalidade das pessoas que acham que isso é realmente uma boa idéia…
Que gente autoritária! Que gente burra! Que gente cafona!Imaginem que maravilha!Digamos que eu escrevesse aqui um texto afirmando que as propostas de Marina Silva para o meio ambiente são inexeqüíveis, que ela é uma adversária do agronegócio, que, se eleita, o país corre o risco de ter de substituir os grãos por capim. O que devo fazer? Terei de inventar uma razão para, no mesmo dia, dar um cacete em Dilma Rousseff (PT) e em José Serra (PSDB), ainda que, nesse dia hipotético, eu não tenha um motivo especial para tanto?
Ou ainda: digamos que eu decida criticar o desempenho de Dilma na liderança do PAC. Terei de criticar também a capacidade gerencial de Serra e de Marina? Se eu disser que a lei antifumo de Serra é autoritária, devo, no mesmo post (ou terá de ser em outro), buscar os traços autoritários da candidata verde e também da outra, a, como direi?, vermelha?
Isso é um despropósito! Blogs, sites, páginas na Internet etc. têm seu ponto de vista, sua leitura de mundo, seu público. Sua graça e sua virtude estão na diversidade, sim. Mas a diversidade deve ser entendida no conjunto, no sistema. O que esses parlamentares pretendem? Páginas da mais pura esquizofrenia? Ora, se não gosto de um candidato porque estatista, devo, necessariamente, criticar um outro que não o seja?
Lembro que, nos EUA, essas restrições imbecis não existem nem para as TVs e rádios. E isso não impediu aquele país de eleger Clinton duas vezes, Bush duas vezes e, agora, Barack Obama.
É a liberdade que conduz à diversidade. O autoritarismo só produz autoritários. Fonte: Blog Reinaldo Azevedo
Divulgação: www.juliosevero.com
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Para entender as estratégias do governo para impor controle e censura na Internet, clique aqui.
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