O cérebro é o órgão mais complexo do corpo humano. Para alguns cientistas, isso só cria mais apelo à missão de replicá-lo. Na visão de Henry Markram (acima), diretor do Projeto Cérebro Azul, isso não vai demorar a acontecer. “Não é impossível criar um cérebro humano artificial, e podemos fazer isso em dez anos”, disse o cientista em na conferência TED Global, realizada em Oxford entre 21 e 24 de julho.
A iniciativa comandada por Markram já conseguiu simular elementos do cérebro de um rato. Fazer o mesmo com o órgão humano ajudaria a encontrar tratamentos para doenças mentais, que afetam dois bilhões de pessoas em todo o mundo.
O Projeto Cérebro Azul foi lançado em 2005. Seu objetivo é fazer uma engenharia reversa de um cérebro de mamífero a partir de dados de laboratório. Seu foco principal está na coluna neocortical - unidades repetitivas do cérebro de mamíferos conhecida como neocortex. “É um novo cérebro”, explicou o cientista. “Os mamíferos precisavam dele, porque tinham de lidar com a paternidade, interações sociais e funções cognitivas complexas.”
Nos últimos 15 anos, Markram e sua equipe já detalharam a estrutura da coluna neocortical. “É como catalogar uma floresta - quantas árvores ela tem, qual o formato das árvores, quantas de cada tipo temos, qual a sua posição”, disse ele. “Mas é mais do que catalogar, porque você precisa descrever e descobrir todas as regras da conexão entre elas.”
O projeto já conta com um modelo de software de dezenas de milhares de neurônios em que cada um deles é único. Isso permite a eles fazer um modelo digital da coluna neocortical. Para criar esse modelo, a equipe alimenta um supercomputador, o IBM Blue Gene, com as informações e algorítimos matemáticos. “Você precisa de um laptop para fazer todos os cálculos de um neurônio”, explicou o cientista. “Então você precisa de milhares de laptops.”
A máquina usada conta com 10 mil processadores. As simulações feitas por meio dela já estão dando pistas de como o cérebro funciona. “Nosso objetivo é entender como o cérebro percebe o mundo”, diz Markram.
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