US$ 5 ou, mais ou menos, 10 reais, é o que NYTimes pretende cobrar por mês para acessar todo o conteúdo e recursos de seu site. A conversa sobre voltar a cobrar por acesso à versão online de um dos jornais mais relevantes do mundo vai e volta, os boatos são constantes, mas desta vez a coisa parece ser mais séria.
Um executivo do jornal afirmou que a decisão sobre cobrar ou não deve sair no próximo mês e recentemente o NYTimes fez uma pesquisa com os assinantes sobre a idéia da cobrança. Parece uma discussão distante, mas como toda decisão do NYTimes acaba, de certa forma, se refletindo aqui, no Brasil.
Não será a primeira vez que o jornal cobra por acesso. Até 2005 a versão online era gratuita. Passou a ser paga até 2007, quando o jornal resolveu derrubar o paredão do conteúdo pago em troca de ganhar receita com publicidade apoiada no tráfego vindo de buscas, aplicativos e sites de terceiros. Decisão histórica que, na época, foi devidamente registrada aqui, no blog.
Pelo que percebo desta vez as opiniões estão divididas. Um lado acha que dificilmente alguém pagará por conteúdo por menor que seja a taxa. Ao colocar o conteúdo debaixo de um paredão de conteúdo pago, o NYTimes perderá tráfego vindo de buscas e consequentemente relevância.
Outro lado acha que é inevitável cobrar por parte do conteúdo, afinal de contas a publicidade online não sustenta o negócio, além do mais o NYTimes desta vez teria condições de cobrar, pois oferece mais do que notícias, conteúdo próprio multimídia (infográficos interativos, especiais, newsgames, vídeos bem produzidos, datamining), enfim recursos e narrativas que você não encontra em qualquer lugar.
Particularmente, fiquei confuso sobre como será a tecnologia utilizada nessa suposta cobrança. Se for utilizado o modelo do WSJ que permite ler um trecho ou resumo da notícia, mesmo que paga, ainda faz sentido. O conteúdo é indexado do mesmo jeito por terceiros.
Agora se for para fechar o conteúdo mesmo, nem permitir que ele seja indexado por terceiros, então é preocupante por que muito daqueles projetos de APIs, trabalhar o jornal como uma plataforma aberta e o tráfego vindo de terceiros (aplicativos, por exemplo) precisará ser reformulado.
Ainda não está claro como será feita essa cobrança (se acontecer, claro). Ainda é muito cedo para ter uma opinião clara. Além disso, existe um ponto importante. Essa pesquisa que poderá servir para ratificar a decisão de voltar a cobrar por conteúdo foi feita somente com o público da versão impressa do NYTimes, que já é acostumado a pagar pelo jornal. O público do online ainda não foi consultado.
De qualquer forma, esse burburinho todo já reflete os conflitos internos do jornal, comum em toda instituição grande e com bastante idade. Uma turma defende o conteúdo gratuito, outra o modelo híbrido (conteúdo pago e gratuito) para garantir o futuro de um dos jornais mais antigos do mundo e que, indiretamente, a cada dia, é um reflexo de como a forma como consumimos informações mudou.
Crédito das fotos: Niedermeyer e Dom Dada
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