quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Monetização – Novos modelos para jornais online

Enviado para você por Lucas Santos através do Google Reader:

via Tempos Modernos de Gabriel Ramalho em 09/09/09

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Post bem interessante no blog do Charles Cadé traz à baila uma questão bastante frequente a ainda sem respostas definitivas: Como monetizar a atuação online de jornais? No seu post, traz algumas informações baseadas em um artigo do blog paidContent, que listou algumas estratégias de monetização online de jornais de pequeno e médio porte, em maioria localizados em mercados pequenos ou rurais. Vale a pena dar uma lida.

 

Ver o que os pequenos fazem é interessante por podermos fazer uma contraposição às estratégias de monetização de veículos maiores como o The Finnancial Times e o Wall Street Journal, que utiliza um modelo híbrido (Freemium) tendo tanto conteúdo livre e aberto, com receita de publicidade, como um modelo pago, permitindo ao assinante ter acesso a informações mais detalhadas e análises do mercado financeiro. O inglês The Guardian, por exemplo, estuda a implementação de um modelo que permitirá, inclusive, acompanhar eventos ao vivo e entrar em contato com os jornalistas, agregando assim, além de acesso a conteúdo exclusivo, a idéia de pertencer a uma rede privilegiada.

 

O modelo Freemium, até o momento, é o que mais tem apresentado resultados positivos no que diz respeito à monetização. No caso do WSJ, a receita de assinaturas é também um lastro interessante já que o modelo de anúncios web não é suficiente para sustentar um grande jornal, mesmo que a receita de publicidade do grupo tenha sido de U$ 115 milhões em 2007. Não se fica, assim, à mercê apenas da receita publicitária e tampouco se cobra pelo acesso a um conteúdo idêntico ao que sai na versão impressa. Porque, é fato, o leitor de notícias na Internet quer a profundidade da informação já conhecida e não ler uma notícia velha sob nova roupagem. Não quer saber se uma empresa quebrou mas, sim, onde poderá investir suas finanças aproveitando as oportunidades que se abrem, a partir das análises de especialistas.

 

Algumas outras alternativas não têm ainda resultados muito claros. Como, por exemplo, a cobrança por uma notícia avulsa, sem necessidade de assinatura. Mesmo a estratégia de oferecer descontos nas assinaturas online, em relação ao custo de assinatura da edição impressa, não me parece lá muito tentadora. Segundo os próprios jornais pequenos, os descontos não são tão grandes porque querem preservar, também, a venda das edições impressas. Algo justo, já que os anúncios impressos são a principal fonte de receita mas, ao mesmo tempo, passam a sensação de que pedalam com rodinhas na corrida de bicicletas. Isso talvez até justifique o baixo índice de adesão, em relação à quantidade de assinantes da edição impressa destes veículos menores. Para que pagar para ter, desconfortavelmente sentado em frente a um micro, o mesmo conteúdo que se tem na versão impressa que se pode levar para qualquer canto?

 

Talvez um outro exemplo seja melhor compreendido ao se analisar outro fênomeno da nova economia: o da venda de aplicativos móveis e MP3s, na AppStore e na ITunes Store. Sobre o segundo, um mistério: Já que todos sabem como encontrar facilmente e de graça músicas e até albuns completos, por que alguém pagaria centavos para comprar uma música ali? Entretanto, é um mercado que movimentou U$ 11 bilhões em 2008 — E uma possível resposta: A questão é que não se paga pela música, mas pela possibilidade de levá-la onde quer que vá ou, mesmo, de adquirí-la de onde estiver. A usabilidade das stores da Apple, aliadas à fantástica portabilidade são os heróis. No caso dos aplicativos, parece atraente a idéia de que, numa fila de banco, eu possa comprar um joguinho por centavos no meu Iphone para passar meu tempo.

 

Então, uma outra possibilidade de monetização seria a oferta de conteúdo móvel? Se verificarmos unicamente a receita das Stores da Apple e o sucesso de vendas do Kindle, leitor móvel da Amazon, pode-se apontar que sim. As pessoas podem até não ter interesse em assinar um jornal online para ver no micro, mas podem pagar para poder lê-los onde quiserem. Vários jornais, como o NY Times, já disponibilizam assinaturas, por valores entre 6 e 14 dólares, para o formato do Kindle. Assinaturas para smartphones também tem tido boa aceitação no mercado norteamericano.

 

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Outro argumento a favor dos dispositivos móveis é o da identificação geográfica do leitor, podendo-se oferecer, no futuro, notícias e informações personalizadas não só por interesses mas, também, georreferenciadas ou mesmo conteúdo hiperlocal. Um turista consumidor de informação poderá ler no seu dispositivo o histórico de notícias relacionadas a algum local que esteja visitando, por exemplo. Ou ler comentários de outros turistas que ali estiveram antes dele, verificando suas impressões.

 

É certo que informação ainda é cara de se produzir e apurar, o que se traduz na necessidade do jornalismo como produtor técnico de informação especializada, e que os modelos atuais de publicidade na web são insuficientes para gerar receita que sustente um jornal de grande porte. A oferta de informação móvel, diferenciada, personalizada ou georreferenciada sob assinatura se apresenta como excelente tábua de salvação para o jornalismo online. Mas antes, é necessária uma mudança estratégica de visão: nos novos tempos, não cabe mais às empresas encararem jornais como produtos. Hoje, notícias e informações, são serviços.

 

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