quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Valor do Hamas


O jornal Valor Econômico trouxe recentemente (26/08) postado em suas páginas o artigo "Hamas Enfrenta Os Radicais" de autoria de Mkhaimar Abusada, professor de ciência política na Universidade Al-Azhar, em Gaza. Porém, lamentavelmente, logo em sua primeira linha o texto demonstrada que Abusada abusou da boa vontade: "O Hamas é um grupo islâmico moderado...".

Indignada, Chantal Teitelbaum da organização JJO (Juventude Judaica Organizada) escreveu ao jornal. O mesmo publicou sua manifestação em sua seção de cartas, de forma democrática e elogiável. Reproduzimos aqui o texto de Chantal, com alguns adendos.


Para escrever você também ao Valor Econômico, basta clicar aqui:

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Hamas: Moderado?

Chantal Teitelbaum - Juventude Judaica Organizada:


Gostaria de fazer uma correção quanto à definição dada ao grupo Hamas na reportagem de ontem “Hamas enfrenta os radicais”, como sendo o mesmo um grupo moderado.

Não parece moderado o representante do movimento na Síria, Ali Barakeh, reivindicar por exemplo em janeiro deste ano, o direito dos palestinos de cometer atentados suicidas contra a população civil israelense. Barakeh, defendeu os atentados contra a população israelense como forma de pressão para colocar fim às hostilidades em Gaza: "não existe diferença entre a morte de civis que se encontram em um café e as operações armadas que Israel está realizando contra a população civil de Gaza".

O Hamas, ja foi responsável por diversos atentados em pizzarias, ônibus, e lugares públicos, além de utilização de crianças como escudos humanos desde 1993. Por essas e outras atividades, é listado como uma organização terrorista pelo Canadá, UE, Israel, Japão, EUA e banido pela Jordânia. A Austrália e o Reino Unido listam a sua área militar como organização terrorista.

Grupos terroristas têm uma ambição evidente: estabelecer um mundo submisso aos muçulmanos, ao Islã e à lei islâmica, e isso não tem nada de moderado. Muçulmanos radicais acreditam que o Islã é a resposta a todos os problemas do mundo. Colocado de outra forma, o Islamismo radical é a transformação da fé em uma ideologia totalitária.

Hoje, indivíduos isolados vivem como muçulmanos moderados, mas não há nenhum movimento de massas do Islã moderado. Tal movimento requer uma soma razoável de dinheiro e organização, duas coisas que os muçulmanos reformistas ainda não dispõem.

O Hamas, pelo contrário, segundo o Conselho de Relações Exteriores americano, possui um budget de US$ 70 milhões, dos quais 50% vem da Arábia Saudita através de intituições de caridade islâmica.


Adendos:

O articulista usa o pretexto do Hamas ter invadido a Mesquita salafista em Gaza, de um grupo ligado a Al Qaeda e ter "restabelecido a ordem" como pretexto para a "moderação" dos terroristas. Em resumo: se encontrou algo mais supostamente radical do que o próprio.

No entanto, a única diferença entre ele (Hamas) e o grupo salafista é ideológica e de disputa de poder, não mais do que isso. Tanto que a própria matéria mostra que já houveram ações coordenadas pelos dois grupos. O Hamas só agiu agora porque sentiu uma ameaça ao seu poder com a convocação a guerra dos salafistas.

Outro ponto no artigo é que o autor diz que o Hamas se contrapõe ao grupo salafista, porque este último gostaria de impor a lei islâmica (shararia) a força nos territórios e o Hamas diverge disso.

Não poderia haver mais deslavada mentira, já que em Gaza muitas pessoas foram presas ou mortas por discordar da lei islâmica, da forma que o Hamas a tem forçado.

Por exemplo, a notícia divulgada em janeiro (05/01) pelo Palestinian Media Watch e traduzida aqui pelo De Olho Na Midia é um bom exemplo disso:

Membros do Hamas do Conselho Legislativo Palestino em Gaza aprovaram uma nova lei, a fim de "implementar punições corânicas", incluindo amputação das mãos, crucificação, castigos corporais e execução. Beber, possuir ou produzir vinho é motivo para punição com 40 chibatadas, ao passo que beber em público acrescenta três meses de cadeia a punição. Diversas leis foram direcionadas contra os rivais palestinos do Hamas, incluindo uma que tenta inibir negociadores que não sejam do Hamas, ao sentenciar a morte qualquer um que tenha sido "apontado para negociar com um governo estrangeiro sobre assuntos paletinos e negociou de forma contrária aos interesses palestinos".

A fonte da notícia é o site palestino Al Arabiya, e pode ser acessado através do link:


http://www.alarabiya.net/articles/2008/12/24/62699.html

Por fim, dizer que “O Hamas empregará todos os meios necessários para proteger seu poder e desbaratar os grupos jihadis que hoje se disseminam em Gaza. Com isso, o Hamas espera obter a legitimidade internacional que há muito tempo busca” é o cúmulo do ridiculo.

Proteger seu poder sim. Agora como combater os grupos jihadis, se o próprio é o maior exemplo vivo de um destes? Para obter a legitimidade internacional que ele tanto busca, o Hamas antes de tudo, tem que negar sua essência: deixar de ser um grupo terrorista que prega a destruição de Israel. Para isso, é preciso se desarmar, aceitar a existência de Israel e parar com os ataques contra o mesmo, que o próprio grupo assume a autoria constantemente.

Fica a impressão ao final de tudo, que Abusada ou é um tremendo tolo, ingênuo ou então esperto demais, e está tentando limpar a barra do Hamas por ser membro ou estar na folha de pagamento do mesmo....

Posted via email from Blog do Lucas

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