terça-feira, 8 de setembro de 2009

O que a Google faria se o mundo fosse apenas dela

Enviado para você por Lucas Santos através do Google Reader:

via Tiago Dória Weblog de Tiago Doria em 07/09/09

Terra

Profecias de que a Google vai dominar o mundo existem aos montes. Jeff Jarvis, jornalista, investidor, autor do blog Buzz Machine e professor de Jornalismo da Universidade de Nova York, resolveu levar essas profecias mais a sério e tirá-las do campo apenas do fantástico e das teorias conspiratórias.

Se a Google administrasse um restaurante, como ele seria? Se fosse dona de uma universidade, como seria a educação oferecida? E ainda. E se a empresa de busca fosse um banco, quais investimentos existiriam? Ainda haveria dinheiro em papel? São algumas das perguntas que Jarvis responde em seu livro “O que a Google faria?” (257 páginas), lançado pela editora Manole, no Brasil.

Na realidade, Jarvis mostra como seria o mundo, caso as principais empresas e organizações que fazem parte de nosso cotidiano pensassem como a Google. A Google raciocina como uma plataforma. Esse é o seu diferencial. E, como consequência, uma empresa “googleficada” seria uma que pensasse de modo distribuído e fosse faminta por dados. Soubesse transformar dados sobre os seus clientes em conhecimento. Trabalharia com a abundância e não com a escassez de conteúdo.

Jeff JarvisOs “insights”  de Jarvis (foto ao lado) sobre o que aconteceria se esse modelo fosse aplicado a diversos setores da sociedade são a base do livro.

Como seria a “googleficação” das empresas aéreas? Em nossa viagem de volta, as companhias aéreas pediriam nossas avaliações sobre hotéis e restaurantes que frequentamos. Em troca de nossa avaliação, ganharíamos milhas. Ou seja, as empresas aproveitariam a própria rede de clientes e o seu valor para reunir conhecimento sobre uma região. Transformariam dados em conhecimento.

Governos, por sua vez, não tentariam resolver os problemas por meio de proibição e regulamentação, mas a partir de inovação e “racionalidade científica”. Para exemplificar, Jarvis cita Al Gore, político tradicional, que procura resolver o problema energético por meio da criação de impostos sobre a emissão de carbono. Tenta tornar a poluição cara. Enquanto, a Google, mais inovadora, tenta resolver o problema com o olho em uma sociedade de abundância, em investir em criatividade, buscar novas formas de energia além das tradicionais. Ou seja, ter abundância de fontes de energia.

googleapple01No setor de mídia, Jarvis deita e rola. É a sua área. Numa visão bem realista, diz que os jornais deveriam pensar como plataformas, o que necessariamente não significa liberar o acesso público a APIs ou a banco de dados. Significa ver o seu site  não como um fim, mas um meio. Uma plataforma para as pessoas chegarem onde quiserem. Nisso, uma política presente de links abertos é um caminho.

Somente o capítulo “Nova arquitetura”, em que Jarvis aborda o setor de mídia, já vale pelo livro inteiro, que pretende ser um guia de sobrevivência para empresas na “Era Google”.

A meu ver, o problema de Jarvis é que ele adota uma postura muito evangelista, ativista, e pouco científica em relação ao assunto. Apesar de existirem empresas que têm uma postura mais controladora e, mesmo assim, vão muito bem da vida, até o final do livro, ele quer nos convencer de que o modelo da Google é o caminho ideal, pode ser aplicado a praticamente qualquer negócio. Desde uma loja de vinhos até um governo federal. E é, nesses momentos, quando ele sai da análise do setor de mídia, que fica evidente o seu conhecimento meio simplista a respeito de algumas áreas.

googlefariaNo penúltimo capítulo, por exemplo, quando divaga sobre a área jurídica, ele afirma que todos os processos judiciais deveriam estar disponíveis na web,  serem buscáveis, disponíveis para qualquer pessoa. Ou seja, Jarvis ignora que existe o direito ao “segredo de justiça”. Existem processos que, por motivos diversos, como envolvimento de crianças ou casos de família, não devem ser acessíveis a qualquer pessoa. Assim como o acesso livre a dados, a privacidade também é liberdade.

Percebe-se que essa postura ativista ofusca a análise de Jarvis quando afirma que a Google está acabando com a intermediação. No começo do capítulo sobre “desintermediação”, ele bate o martelo – “Ninguém gosta de intermediários”.

Contudo, Jarvis se esquece que o próprio Google está se tornando um grande intermediário, um mediador entre a gente e todo o caos de conteúdo da web. A intermediação não acabou.  O Google é um intermediador. É ele quem faz o meio de campo na web.

Em “O que a Google faria?“, Jarvis mostra que é um dos poucos escritores que consegue transformar profecias em conhecimento ao montar um guia sobre como a Google faz.

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Crédito das fotos: NASA, Robert Scoble, Missha, divulgação


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